Na edição 650, CartaCapital afirmou, diante do afastamento de Antonio Palocci da Casa Civil, que o governo Dilma Rousseff enfim começava. Erramos. Os acontecimentos recentes e os que estão por vir nas próximas semanas revelam outro cenário: uma presidenta ainda em busca do formato definitivo de sua administração. Pode-se afirmar que de um modo um tanto tortuoso o Palácio do Planalto opera por etapas uma reforma ministerial. No caso Palocci, a mudança deu-se à revelia do controle de Dilma. Talvez não se possa dizer o mesmo da alteração no Ministério dos Transportes, cujo titular, Alfredo Nascimento, do PR do Amazonas, e todos os seus subordinados foram obrigados a deixar os cargos após uma nova série de denúncias de corrupção. Entre o primeiro petardo e o último, aquele que selou seu destino, Nascimento permaneceu quatro dias sob fogo cerrado.
Será esse o novo estilo de Brasília? É pouco provável, pois em um governo de coalizão, que oferece tantos cargos comissionados e tantas oportunidades de “ganhos extras”, e uma rede de intrigas composta de políticos, arapongas, lobistas e jornalistas sempre em busca de uma nova crise, o afastamento imediato de subordinados mediante qualquer suspeita pode tornar as baixas um ritual quase cotidiano no Planalto Central. Faz sentido imaginar, portanto, que o afastamento da turma do PR dos Transportes não tenha sido um gesto doloroso para a presidenta.
Ao que tudo indica, a fila de dispensas é razoavelmente extensa e deve andar nas próximas semanas. No gargarejo está o ministro da Defesa, Nelson Jobim, cujo ciclo no governo, ao que tudo indica, deve se encerrar até o fim de julho. Daí seu magoado desabafo durante a festa em Brasília pelos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, quando louvou o ex-presidente, de quem foi ministro, e reclamou da convivência atual com “idiotas”. Mas também andam em baixa Pedro Novais, do Turismo, Ana de Hollanda, da Cultura, e Afonso Florence, do Desenvolvimento Agrário.
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